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Um Poema de Outono de Distância

  • Clara Raposo
  • 27 de jul. de 2024
  • 1 min de leitura

Os teus passos, minha Dama, afogaram-se 

nos largos lençóis de neve 

que cobrem o meu coração. 


A distância, Senhora, transforma-nos: 

ou enterra a carnuda figura 

e premeia de glória o ser 


ou, como quando o velho templo romano 

é deixado num quase-sono 

e a sua cor se vai perdendo 


também se perde nas brumas da longura 

a vontade, a cara, o afeto, 

a vida que os laços retinha. 


A sua voz, minha Senhora, perdeu-se 

entre os ecos do vento, 

o estalar das ruivas folhas. 


A vossa cara, Vossa Senhoria, esbateu-se. 

A tela perdeu os vivos tons, 

os olhos, os leves contornos. 


E nada mais me resta neste níveo outono 

do que o manto orvalhado 

e o frio do esquecimento.


Editado por: Maria Rodrigues


 
 
 

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