Detesto o corte
Do tempo;
Os números
Explosivos no ecrã;
Os risos que se cravam.
E os gritos;
Os gritos que calam
O meu desespero.
Num silêncio
Solto um gemido ruidoso.
Mais um ano em cirurgia rebenta
Da árvore,
Daquele que a sua própria prole devora.
E as flores
Do jardim de Pandora
Murcham
Na ânfora do meu coração.
«Talvez este ano…»
Mas não saem as palavras; só o sopro
Que deixa em repouso
O meu gélido corpo.
Edição: Mariana Faísca
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