Por: Mariana Calha
É na Usina Nuclear de Chernobyl, Pripyat, Oblast de Kiev, Ucrânia, na madrugada do dia 26 de abril de 1986, mais especificamente à uma e vinte e três da manhã, que Chernobyl é palco daquele que é considerado o maior acidente nuclear da história. Classificado, na Escala Internacional de Acidentes Nucleares, um desastre de grau 7, um trágico valor nunca antes atingido.
Aquele que seria um experimento inofensivo, principia um dos dias mais negros da história mundial, tornando-se palco de centenas de mortes, a curto e a longo prazo.
É no reator número quatro que, durante a realização de um teste de segurança na usina, há uma falha que acaba por originar todo o desastre. A explosão desencadeia um incêndio que se estende por dias e contribui para a expansão de todos os materiais radioativos para a atmosfera.
Pripyat, a cidade onde se localizava a base nuclear, no norte da Ucrânia, hospedava cinquenta mil habitantes, que só evacuaram a localidade trinta e seis horas após a explosão.
Apesar de ter sido a cidade que sofreu danos de maiores dimensões, não foi, contudo, a única afetada. As correntes do vento espalharam a radiação pelo mundo, e rapidamente foram identificados locais próximos com níveis de radiação muito altos, como por exemplo a Polónia, a Áustria, a Suécia e a Bielorrússia. O Reino Unido, os Estados Unidos da América e o Canadá foram locais onde, após testados, foram confirmados níveis de frequências radioativas demasiado altos para a distância que separa os países de Pripyat.
O acidente foi causado, não só pela falta de cumprimento de diversos protocolos de segurança, como também por erros na produção dos reatores, tendo por base a falha humana. Ainda assim, o incidente foi escondido o máximo de tempo possível pelo governo soviético, que temia o impacto que o incidente teria na reputação do país.
As consequências que Chernobyl trouxe consigo foram profundas, principalmente para a Ucrânia, Rússia e Bielorrússia, três das antigas repúblicas que compunham a União Soviética. O acidente contribuiu para o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, desencadeando impactos económicos graves, custosos de acatar devido à crise económica que assolava a união de repúblicas desde meados de 1970.
A quantidade excedente de radioatividade que permanece presente nas proximidades do núcleo do reator número quatro foi coberta com como sarcófago e teme-se que a retoma do território apresente um risco demasiado alto para a vida humana, já que levaria à propagação de poeiras altamente radioativas.
As consequências não se experienciam apenas a nível económico, mas também a nível de saúde.O número de doentes oncológicos sofreu um enorme acréscimo entre a população ucraniana e bielorussa, sendo este aumento uma consequência direta da exposição à radiação. A nível psicológico, a tragédia também trouxe sequelas devastadoras . Os sobreviventes revelaram um aumento significativo dos níveis de ansiedade, tanto pelo evento traumático a que foram expostos , como pelas perdas causadas pelo mesmo.
Até hoje, o número efetivo de mortes causadas pelo acidente não é de conhecimento público, existem apenas meras suposições – e esse é um dos pontos mais polémicos que envolve este tema.
Foi há mais de trinta e cinco anos que Pripyat se tornou numa cidade-fantasma, e a estimativa da comunidade científica é de que a cidade de Chernobyl fique inabitável por mais 20 mil anos, até que se torne segura.
Contudo, os curiosos não se deixam levar pelas adversidades existentes e continuam a visitar a usina através de uma forma segura e fácil: o Google Maps.
Editado por Inês Jordão
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