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Lista U: Entrevista com Domingos Pereira

Foto do escritor: Jornal O ColaJornal O Cola


Bruna: Boa tarde, nós somos do jornal O Cola. Eu sou a Bruna, a diretora do jornal, e tenho aqui comigo a Aurora, que é uma das colaboradoras do grupo de comunicação. Esta entrevista visa esclarecer o programa apresentado pela Lista U, candidata à Associação de Estudantes, para que es estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa tomem decisões informadas, na hora de eleger a sua futura representação.


Aurora: Nós vamos fazer entrevistas com as duas listas, para postar no site dO Cola. A primeira parte da entrevista é feita de perguntas gerais e a segunda de perguntas específicas, baseadas em cada programa.


Lista U: Sou o Domingos Pereira, estou no primeiro ano de Filosofia e sou candidato ao Conselho Fiscal da Lista U.


Bruna: Quais foram os principais motivos que vos incentivaram a criar uma lista candidata à Associação de Estudantes da Faculdade de Letras?


Lista U: Os principais motivos foram o contacto com os estudantes e compreender que, de facto, os estudantes — não só os de Letras, mas, no nosso caso concreto, os estudantes da FLUL — começam realmente a sentir problemas que são indiscutíveis. Qualquer pessoa vai falar com um amigo, no intervalo, e este ou tem um problema com a residência, ou está a comer no chão, ou vai à Faculdade e sente o problema do preço daquilo que paga nos bares. Portanto, os problemas são evidentes e a Associação de Estudantes tem um papel importantíssimo nisto. Obviamente, não é porque nós vamos para a Associação de Estudantes que, de repente, esses problemas se alterarão. Mas a AE tem o papel de decifrar estes problemas que os estudantes têm e é a partir da mesma que, com os estudantes, se podem alterar esses problemas.


Aurora: Qual o principal foco do programa da lista de vocês? (Principais problemas que encontram na Faculdade e que tentarão resolver?)


Lista U: O mais gritante é mesmo a falta de espaços, por exemplo, para comer e para conviver. Para comer, acontece que na FLUL não existe uma cantina social com refeições a preços sociais. Uma pessoa vem de casa, traz comida e não pode comer nos bares, porque é corrido a pontapé, se não estiver a consumir. E mesmo a questão das residências. No site da própria universidade admitem a falta de residências, dizendo algo do género «tendo em conta a quantidade de estudantes que entram todos os anos na Universidade de Lisboa, aconselhamos os estudantes em mobilidade a procurar alojamento alternativo» e metem um link. Eu acho que isto é uma demonstração da falência do ensino superior em Portugal, atualmente. Isto aplica-se, não só à nossa universidade, mas, também, às universidades por todo o país. Esta situação reflete um problema de fundo, que é a falta de investimento no ensino superior em Portugal, e nós estamos aqui, exatamente, para reivindicar esse problema. Porque não é só dizer que o problema existe, é dizer que ele tem solução através da luta dos estudantes e da unidade entre os mesmos. Nós queremos ser a lista dos estudantes que votam em nós, mas também queremos, em conjunto com toda a comunidade estudantil, procurar resolver esses problemas. Falamos tanto em unidade porque acreditamos que só todos juntos é que conseguimos alterar o que quer que seja.


Bruna: Como está organizada a lista a nível interno, para que seja possível a concretização de todos os tópicos do programa apresentado aes estudantes? (Departamentos, Grupos, Direção, etc.)


Lista U: A nossa ideia para a lista é que todas as pessoas trabalhem exatamente da mesma forma, quer sejam colaboradores ou membros da Direção. Internamente, estamos organizados de uma forma bastante horizontal. Aliás, os próprios estatutos da Associação de Estudantes têm uma coisa diferente das outras faculdades: a direção é uma direção coletiva, não existe presidente nem vice-presidente. Nós achamos isso especialmente interessante. A nossa ideia é que toda a gente participe, pois só assim é que o programa é realizado.


Aurora: Passando agora para a segunda parte da entrevista. Ao longo do vosso programa, falam várias vezes em organizar colóquios, seminários e feiras. Quais os critérios para a escolha des oradores? Serão pessoas da Faculdade de Letras ou pessoas de associações ligadas ao tema em específico?


Lista U: Penso que o critério não será limitado a estudantes da Faculdade de Letras. Nós pensamos em fazer com outras associações de outras faculdades, claro que sim. Não fechamos as nossas hipóteses a outras associações.


Bruna: Relativamente à proposta de “Realizar diversas atividades direcionadas aos estudantes de Erasmus”, que tipo de atividades pretendem realizar e quais os benefícios das mesmas para es estudantes?


Lista U: Por exemplo, pretendemos realizar feiras de faculdades internacionais que têm relações com a nossa faculdade, para passarem a conhecer a FLUL. A nossa ideia principal é procurar que a Associação de Estudantes esteja mais ligada aos estudantes de Erasmus e procurar realizar estas atividades com os mesmos. Não é só sermos nós a construir as atividades sozinhos; quando dizemos que queremos realizar diversas atividades direcionadas aos estudantes de Erasmus, pretendemos trabalhar com eles para que essas atividades aconteçam. Não é como se, de repente, tivéssemos atividades específicas já preparadas na nossa cabeça, é mais no sentido de aumentar a relação entre a Associação de Estudantes e os estudantes de Erasmus.


Aurora: Em relação à proposta de criação e introdução da Feira Internacional de Profissões e feiras semestrais de núcleos, uma vez que há bastantes complicações na cedência de espaços, onde estavam a pensar realizá-las? Além disso, como pensam em financiá-las?


Lista U: Honestamente, a minha experiência associativa diz-me que fazer algo do género não é assim tão complicado quanto isso. Como é que procuramos financiar este tipo de coisas? À partida, queremos que a Associação de Estudantes seja financeiramente independente, pois isso é extremamente importante para o seu bom funcionamento. Temos de arranjar o nosso dinheiro através dos nossos meios, através de vendas das nossas coisas, através de festas, aliás, temos proposto uma data delas. Quanto ao problema da cedência de espaços, nós realizamos, há pouco tempo, uma jam session, venda de livros, materiais de crochê, tudo isto, no Bar Novo. Portanto, não retiraria a hipótese de fazer esta Feira Internacional das Profissões no mesmo espaço. Procuraremos trabalhar com o espaço que nos derem, mas, efetivamente, fazê-la.


Bruna: Pretendem, e passo a citar, «ajudar os núcleos nas suas atividades e necessidades, disponibilizando o máximo de espaço e condições materiais possíveis». Como estão a pensar em fazer a gestão dos espaços, para que todos os núcleos tenham a possibilidade de se reunir?


Lista U: Acho que a coisa mais importante é a comunicação entre os núcleos, porque se for uma Associação de Estudantes que está completamente desligada dos núcleos, aí é que não se entendem de maneira nenhuma. Posto isto, ajudar os núcleos nas suas atividades e necessidades: em primeiro lugar, ir ter com os próprios núcleos e fazer o levantamento de problemas que eles sentem. A nossa ideia é essa: ir ter com as pessoas e colocar questões quanto aos problemas que sentem. Por exemplo, no caso d’O Cola, disseram que não tinham sítio para reunir. Passa por isto, agregar os problemas que nos dizem e, mesmo com os próprios núcleos, procurar formas de solucionar esses problemas. Como é que se soluciona? Há uma questão de fundo, que é a falta de financiamento que existe no ensino superior, que faz com que não haja muito espaço nas nossas faculdades. Mas, de imediato, será articulando com todos os núcleos e de certeza que se arranjaria uma solução.


Aurora: Em relação às propostas do Departamento Recreativo, de Cultura e de Desporto, como planejam organizar todos os eventos e iniciativas citados no programa dentro de um ano de mandato?


Lista U: Quando nos propomos a fazer uma coisa do género, é mesmo para acontecer. Relativamente ao Departamento Recreativo, por exemplo, fazer um churrasco mensal na AEFLUL é algo que, honestamente, não acho complicado de fazer. Uma vez por mês, no próximo ano, um churrasco é algo que, se formos bastante organizados, é possível. Já se fizeram festas, aqui na Faculdade que me fazem crer que não seja impossível fazer o que temos escrito no próximo ano. Não acho que seja algo complicado, ainda, todas as primeiras quartas-feiras do mês, fazer um Happy Hour das 15h às 18h. Pessoalmente, não me sinto muito intimidado com este compromisso. Também falaram do Departamento da Cultura e da Comunicação. O Departamento da Cultura não tem propriamente muita coisa do género de eventos como falamos no Departamento Recreativo. Portanto, fazer, por exemplo, uma agenda cultural, promover semanas temáticas relacionadas com os feriados de 25 de abril e 1 de maio, não acho que seja algo impossível de fazer no próximo ano. Se metemos no programa, é porque sabemos que o conseguimos fazer.


Bruna: No programa mencionam a «realização de sessões de cinema e debate sobre o filme». Uma vez que um dos propósitos do núcleo NUCIVO é fazer as sessões, esta medida seria em colaboração com o mesmo?


Lista U: Sim, claramente.


Aurora: Dentro das propostas do Departamento de Cultura, são mencionadas parcerias com cinemas, teatros e museus. Como se dariam essas parcerias?


Lista U: É mais fácil do que parece, honestamente. Basta contactar o cinema e, à partida, o cinema oferece essa parceria. É algo que fazem imensas vezes com associações. Falando, novamente, da minha experiência associativa, não é algo muito trabalhoso de se alcançar.


Bruna: De acordo com os primeiros tópicos apresentados pelo Departamento de Saúde e Ambiente, quais as instituições que farão os rastreios de DSTs e as doações de sangue e como será a deslocação? Serão es alunes a deslocarem-se ou as próprias instituições virão até à FLUL?


Lista U: As próprias instituições virão à FLUL. Isto é algo importante de fazer. Já vi várias faculdades a fazer algo do género. Até pensámos em fazê-lo durante a campanha, mas não conseguimos. É algo crucial e que não deveria ser tabu fazer. Até acho que todas as Associações de Estudantes do ensino superior o deveriam fazer.


Aurora: Tendo em mente a preocupante inexistência de um ponto médico funcional e a existência de apenas um psicólogo para cerca de 4 200 estudantes da faculdade, de acordo com o site da mesma, que se relaciona com os tópicos que levantam da necessidade da contratação de mais profissionais da saúde, como seria feita a exigência para a contratação de mais profissionais?


Lista U: Porque é que esses problemas existem? Porque é que só existe um psicólogo para tantos alunos? Porque é que o apoio médico é escasso? Porque existe um problema de fundo, que engloba todo o ensino superior em Portugal, que é a falta de financiamento. Como é que nós vamos exigir isso? Com os estudantes do nosso lado, a procurar lutar por estes problemas que de facto existem e nos afetam. Como é que o vamos fazer? A resposta vai ao encontro da primeira pergunta, nós falamos muito em unidade nesse sentido. Não é porque votam em nós que, de repente, aparecerão psicólogos. Estaríamos a ser demagógicos, se isso assim fosse. Os psicólogos aparecem com a luta dos estudantes e estamos aqui exatamente para ser a vanguarda da luta dos mesmos. Se analisarmos a história do mundo, muitas das coisas que nós hoje em dia tomamos por garantido ou achamos normais não apareceram do nada — elas foram conquistadas. No nosso manifesto, dizemos que a ideia da nossa lista é exatamente essa: procuramos ser a vanguarda da luta dos estudantes, pois é isso que uma Associação de Estudantes deve ser, a meu ver.


Bruna: De acordo com as medidas apresentadas pelo Departamento Administrativo, como é que pretendem alterar a organização interna da faculdade?


Lista U: Nós falamos de uma data de coisas no Departamento Administrativo, como lutar por rever e alterar o RJIES (Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior). Eu vou explicar um bocadinho o que é que é o RJIES, pois é algo mesmo importante e muitos dos estudantes não têm noção do quanto isto afeta a comunidade estudantil. Portanto, o RJIES foi um passo que fez com que a democracia, nas instituições de Ensino Superior, ficasse limitada única e exclusivamente à Direção. Ou seja, os órgãos de decisão ficam exclusivos à Direção e nós, estudantes, e até mesmo pessoas não docentes, ficamos com pouca representação nos mesmos. Isto acontece muito nos Conselhos Gerais das Universidades e nos Conselhos de Escola e é algo grave, porque acaba por carregar um cunho antidemocrático nas instituições do ensino superior.


Bruna: Mas há eleições para esses cargos, ou seja, há democracia.


Lista U: Mas, se repararem na composição do Conselho de Escola, compreendem que essa democracia não está muito evidente. Neste preciso momento, no Conselho de Escola não há um único estudante a representar a comunidade estudantil da Universidade de Lisboa. Nenhum. Normalmente, há um para os milhares de estudantes que existem na nossa universidade. Na direção, que comporta a maioria das decisões, o voto dos estudantes acaba por ser um bocadinho insignificante no Conselho de Escola, e daí o cunho antidemocrático. Se tiram os estudantes da faculdade, a faculdade não é nada, mas, no que toca às decisões da faculdade, parecem não ter peso nenhum. Isto foi algo feito ao longo de anos, e eu estou a tentar ser muito sintético, porque acho que muitos estudantes não têm noção do quanto o RJIES, o Regime Fundacional e as fusões são algo que nos afeta. A concentração de poderes no reitor, a eliminação de órgãos plenários associada à criação de Conselhos Gerais das universidades, que se traduzem na diminuição significativa dos estudantes nos órgãos de gestão e governo das faculdades, ao mesmo tempo que são introduzidas entidades externas às instituições, fazem com que se afaste cada vez mais da comunidade estudantil, o que é grave. Como é que pretendemos alterar isso? Novamente, através da luta dos estudantes, não há outra forma de o fazer. A nossa ideia é mostrar que este problema existe e afeta os estudantes - e afeta mesmo - e procurar mobilizar em torno desse problema. Falamos de uma data de coisas no Departamento Administrativo, falamos do RJIES, de lutar pelo fim das propinas, de lutar contra o processo de Bolonha. Quando perguntaram quanto à alteração da Direção interna da faculdade, se era para falar do RJIES, então é assim que vamos tentar procurar resolver a situação. Isto não se aplica só à nossa faculdade, aplica-se ao ensino superior por todo o país.


Aurora: É citada no programa, dentro do Departamento Administrativo, a luta contra o processo Bolonha. Quais os principais aspetos deste processo que vêem como negativos? E como acreditam ser possível mudá-los?


Lista U: O processo de Bolonha acaba por ser o início da degradação do ensino superior em Portugal. O que é que aconteceu? Muito sinteticamente, o conteúdo dos cursos e das licenciaturas passou a ser mais curto. A declaração de Bolonha começou a 19 de junho de 1999, foi instaurada em Portugal em 2006. A ideia deste processo era a de criar um ensino superior com supostos méritos de competitividade. Em que é que resultou? Degradou a qualidade da formação e fomentou a elitização de diversos ciclos de estudo. Por exemplo, o curso de Direito passou de cinco para quatro anos e imensos cursos passaram de quatro anos para três. Com apenas três anos, as licenciaturas tornam-se mais difíceis e a própria qualidade das mesmas degrada-se. Depois, com a entrada da propina, mais o RJIES, o Regime Fundacional foi o colmatar de tudo e transformou o ensino superior, não no ensino superior democrático, gratuito e de qualidade que os estudantes querem, mas em algo que é deturpante dessa ideia e que deturpa aquilo que está na nossa Constituição da República Portuguesa. Eu acho que os estudantes não estão a exigir muito, só o cumprimento da Constituição, algo que acho não ser muito descabido.


Bruna: Mencionam que pretendem lutar contra várias causas, nomeadamente «por mais camas e residências públicas», «pelo fim das propinas» e «contra o processo Bolonha». Mencionam ainda a exigência do «fim do pagamento de taxas e emolumentos», «do alargamento do acesso a exames de melhoria» e «de mais espaços para estudar na FLUL», entre outras. De que forma pretendem realizar estas lutas e o que vos distingue dos restantes manifestantes destas mesmas causas?


Lista U: Qualquer pessoa que esteja a lutar pelo fim das propinas, por mais camas e pelo cumprimento do PNAES (Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior), a exigir o fim do pagamento das taxas e emolumentos não acho que seja diferente de nós. Ficaríamos muito felizes se mais Associações de Estudantes estivessem a manifestar-se desta forma. Não nos diferenciamos desses estudantes. Queremos é adicionar mais força a essa luta que, de facto, já existe. Como é que o procuramos fazer? É ir à rua, não há outra forma. Fazer barulho, principalmente. Não fazer barulho por fazer, digo isto com um cunho simbólico. É mostrar que os estudantes estão a sentir isto e precisam disto. Nomeadamente, falaram das residências e das camas — pelo menos do contacto que tenho tido com os estudantes, nestes últimos tempos, tem sido um pânico autêntico para muitos. Muitos estudantes estão a sentir na pele o problema da falta de residências. Imaginem o que é estarmos numa residência incertos de quanto tempo é que lá vamos ficar, pois elas estão sempre a fechar, ou estar à espera de entrar numa e nunca dão resposta. Isto é um problema grave porque estamos a falar de viver numa casa, uma necessidade básica. Se um estudante vem de fora de Lisboa, não vai ficar na rua, penso eu. Quando dizemos que os estudantes querem que a Constituição seja cumprida, também é isto. Queremos que o PNAES seja cumprido. Acho que não estamos a exigir muito, honestamente. Não acho que seja algo descabido, é uma necessidade urgente dos estudantes.


Aurora: De acordo com o penúltimo tópico, que propõe a criação de uma cantina pública com opção de prato social, uma vez que, neste momento, existem apenas dois bares em funcionamento e ambos pertencem a empresas individuais não associadas à FLUL, como pretendem que aconteça a criação de um prato social? Qual seria o papel da AE dentro dessa mudança?


Lista U: A Associação de Estudantes tem, ou deveria ter, o papel de ser voz dos problemas que os estudantes sentem. E, a partir do momento em que os mesmos comem no chão, é evidente que é necessária uma cantina. Como é que fazemos isso? É convidar os estudantes a juntarem-se a nós na luta por uma cantina. A lista compromete-se a ser uma plataforma de defesa da exigência de uma cantina na nossa faculdade. Isto compromete-nos profundamente e convido os estudantes a juntarem-se a nós, porque as coisas não aparecem do nada. As coisas são conquistadas. A cantina não vai nascer do chão. A cantina vai aparecer com a luta dos estudantes e eu acredito profundamente nisso. Acho que não é descabido eu imaginar algo do género. Porque é que ela não existe? Porque existe um Regime Jurídico, o tal RJIES, das instituições de ensino superior, um Regime Fundacional que concentra os órgãos de decisão única e exclusivamente na direção e não tem em conta as necessidades dos estudantes, porque não há investimento público. Se as instituições do ensino superior estivessem preocupadas com as necessidades dos estudantes, havia uma cantina com opção de prato social na nossa faculdade. E só com a luta dos estudantes é que ela é alcançada. Portanto, a ideia da Lista U é essa: é ser uma plataforma. Comprometemo-nos mesmo a ser uma plataforma de luta, em que os estudantes se possam juntar e procurar alterar o atual estado das coisas. E a nossa luta não se refere única e exclusivamente à situação dentro da faculdade. Os problemas a nível nacional refletem-se também no nosso caso concreto: a falta de investimento, o RJIES, o Regime Fundacional. Estas coisas também têm consequências na nossa faculdade, e uma delas é não existir, por exemplo, uma cantina com prato social e ter-se de ir comer no Românicas e “pagar um rim” para poder almoçar.


Bruna: Em relação à transparência nos assuntos de competência da AE, como seria feita?


Lista U: Em primeiro lugar, está no nosso programa mudar o site da Associação de Estudantes. Tem de ser melhorado e ser algo mais acessível. A nossa ideia é tratar dos problemas que estão por resolver, há muitos anos, na Associação de Estudantes. Isto tem, também, a ver com melhorar a própria comunicação da Associação de Estudantes, que não se deve cingir única e exclusivamente às redes sociais. Por exemplo, eu para ter acesso aos estatutos da AEFLUL tive de pedir a alguém que mos enviasse. Eu não consegui encontrar ao pesquisar na internet. Acho que parte daqui melhorar o site da Associação de Estudantes e acho que a partir daí se podem resolver muitos problemas de transparência.


Aurora: Durante a entrevista, houve algum tópico que não foi abordado e que gostariam de esclarecer?


Lista U: Não. Queria muito de ter falado do RJIES e tive oportunidade de o fazer, portanto queria só deixar um apelo aos estudantes que estão a sentir o problema das residências, das propinas, da falta de psicólogos, o que quer que seja. Qualquer um destes problemas. Convido-vos a juntarem-se a nós nesta luta e a não deixarem que decidam por vocês. De facto, isto tem um bocado a ver com a falta de democracia que existe nas instituições de ensino superior. Convido os estudantes, exatamente, a que sejam vocês a tomar o vosso futuro nas mãos. Isto pode ser uma coisa que pode ter alguma longevidade, mas pode começar agora. Pode começar já nos dias 6 e 7 de dezembro, se quiserem.


Bruna: Muito obrigada pela vossa presença e esclarecimento!



Lista U:



 
 
 

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