Deitaste tudo a perder
E chafurdas na aspereza
Dos lençóis com que fizeste
A cama em que te deitaste
E tanto que me disseste!
Tanto tu me julgaste
Infantil; histérica;
Dramática; eufórica
Pois escrevo-te hoje
Desprovida de euforia
De toda a magia
Da identidade que desprezaste
Afinal contigo secou-se a fonte
Mas eu transbordo do que tenho e vivi
No dia em que decidiste
Deixar a mesa cuja possibilidade tu abriste
Porque te fartas
De ti próprio
Te acobardas
Achas tudo impróprio
Para ti, para seguir em frente
Continuas latente
E assim, como diria noutro poema
Enquanto eu sigo o meu lema:
«Permitam-me ser!»
Tu permaneces estanque
Condenado à estante
Do esquecimento
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