Os teus passos, minha Dama, afogaram-se
nos largos lençóis de neve
que cobrem o meu coração.
A distância, Senhora, transforma-nos:
ou enterra a carnuda figura
e premeia de glória o ser
ou, como quando o velho templo romano
é deixado num quase-sono
e a sua cor se vai perdendo
também se perde nas brumas da longura
a vontade, a cara, o afeto,
a vida que os laços retinha.
A sua voz, minha Senhora, perdeu-se
entre os ecos do vento,
o estalar das ruivas folhas.
A vossa cara, Vossa Senhoria, esbateu-se.
A tela perdeu os vivos tons,
os olhos, os leves contornos.
E nada mais me resta neste níveo outono
do que o manto orvalhado
e o frio do esquecimento.
Editado por: Maria Rodrigues
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