Fundado há mais de 20 anos por um grupo de 6 estudantes, o Nucivo (Núcleo de Cinema e Vídeo) é um projeto integrado na Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa que visa partilhar o amor dos seus membros pela sétima arte.
Desde o seu início, no ano de 1999, o Nucivo tem oferecido à comunidade estudantil (dentro e fora de Letras) a oportunidade de expandir os seus horizontes cinematográficos e, deste modo, enriquecer a sua experiência académica. Além da faceta de entretenimento do cineclube, a participação ativa no mesmo incita a um aspecto mais prático, atuando como uma mais valia extra-curricular a quem visa uma carreira profissional na área (e não só). De facto, no início, o núcleo possuía uma vertente muito voltada para a realização eedição documental (como é o caso do curto documentário intitulado “Drogas em Letras” feito em 2005), nomeadamente no âmbito do ativismo político. Muitos dos nossos membros têm vindo a exercer carreiras como críticos, professores de cinema (como é o caso do nosso alumni atualmente professor de Letras, José Duarte) ou até realizadores (como um dos próprios fundadores, Gonçalo Tocha).
Depois de muitos anos a organizar ciclos e sessões de cinema na faculdade, muitas vezes com convidados, como professores ou críticos de cinema, para apresentar ou debater sobre os filmes escolhidos, a pandemia impediu-nos de continuar estas atividades. Voltámo-nos, portanto, para o nosso site oficial (lançado em Fevereiro de 2020), onde partilhamos sugestões e críticas/análises de filmes. Em Outubro do mesmo ano, decidimos começar outro projeto virtual: o PodNucivo, o nosso podcast sobre cinema e outras medias audiovisuais,uma alternativa que achamos interessante para manter um diálogo cinéfilo acesso nestes tempos confinados.
O Nucivo é mais do que um mero núcleo de cinema; é um local de encontro, partilha e livre expressão entre cinéfilos, onde cada um pode dar voz à sua paixão. Cada membro enriquece o núcleo com a sua visão única em relação à sétima arte. Temos todos gostos e opiniões diferentes e tentamos trazer essa diversidade artística para as nossas atividades, de forma a ter a oferta mais rica possível em cultura cinematográfica. Fica a conhecer os nossos membros e os seus filmes favoritos:
André Janeiro
“Não há muito a dizer sobre mim. Acabei este ano a licenciatura em Estudos Artísticos, curso que segui com o objectivo de encontrar um caminho profissional no mundo do cinema, mais especificamente como argumentista. Gosto de quase tudo um pouco, desde comédias como Airplane! (1980), a westerns como Unforgiven (1992). Se tivesse mesmo de escolher um filme favorito, e tendo em conta que isto é algo que está constantemente a mudar, muitas vezes até de dia para dia, teria de escolher Memories of Murder (2003), de Bong Joon-ho. Os planos bem construídos, onde todas as personagens encaixamem cena, por mais numerosas que sejam, um elenco mais que competente, a narrativa, que se vai desenvolvendo ao seu próprio ritmo, guiada pela obsessão ecomo esta deforma o ser humano, e até a forma como passa do humor ao intenso numa questão de segundos - tudo isto faz com que este filme seja, para mim, uma das experiências cinematográficas mais completas que consegui, até agora, presenciar.”
Bianca Burlacchini
“Nos primórdios da minha história com o cinema estão os clássicos. Uma Biancapré-adolescente deslumbrava-se a ver todos os filmes da Audrey Hepburn, enquanto no secundário se metia a caminho da Cinemateca depois das aulas. E foi aos 16 anos que vi, pela primeira vez, Sunset Boulevard (1950) de Billy Wilder, que imediatamente se tornou um dos meus filmes favoritos. Com um argumento incrível e uma temática meta-cinematográfica, fez-me começar a vero cinema como mais do que uma mera forma de entretenimento, tornando-se uma paixão cada vez maior. Ao entrar na FLUL, tentei manter essa faceta o maisacesa possível, tanto na licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas como agora no mestrado em Estudos Comparatistas. Mas foi através do Nucivo que essa chama foi ficando cada vez mais forte…” Cristiano Jesus
“Sem me aperceber, o visionamento da famosa cena de Un chien andalou (1929) em que uma navalha, imitando o movimento horizontal de uma nuvem sobre a lua, corta o globo ocular, constituiu um rompimento integral com uma certa ideia do que era o cinema. Aquela imagem medonha, mas fascinante, era apenaso início da aventura cinematográfica que tenho levado a cabo. Dentre os vários realizadores de que fui gostando ao longo dos tempos, houve um que me marcou visceralmente: Jean-Luc Godard. Há nos seus filmes, sobretudo nos primeiros (1959-1968), uma componente artística e poética tão diferente de todos os outros realizadores. A sua forma de fazer cinema em muito se aproximava do escritor diante da folha em branco, como se não devesse explicações a mais ninguém a não ser a ele mesmo. Estávamos nos plenos anos da crise do modelo americano. A posterior militância e radicalização, de forma semelhante à transição de Bob Dylan para sonoridades eléctricas, foram como que uma traição ao público dos seus filmes. No entanto, Godard foi fundamentalpara denunciar o divórcio que havia entre o cinema e a sociedade.”
Inês Moreira
“Desde que me conheço que tenho o sonho de passear pelas ruas de Viena comoas personagens do Linklater, acho que foi aí que me apaixonei perdidamente pelo cinema. Gosto de filmes que me façam sonhar, rir, chorar e dançar. A música pop e as luzes néon de Wong Kar Wai, a simetria e a paleta de tons pastéis de Wes Anderson, os planos sangrentos e a Uma Thurman de Tarantino, e ainda a ansiedade proporcionada pelos temas de Gaspar Noé. Todos estes, paramim, são ingredientes para uma refeição cinéfila perfeita. Com o Nucivo, tenho o objetivo de trazer um pouco mais o mundo do cinema para perto da comunidade fluliana, e proporcionar nesta a vontade de saber mais e mais sobreesta arte que é tão complexa e incrível, e que nos une a todos.”
Pedro Simões
“A minha jornada com o Nucivo iniciou-se no mesmo dia que a minha jornada académica, há 6 anos atrás. De lá para cá, despedi-me de membros responsáveis por um primeiro ‘ressuscitar’ do núcleo e contribuí para algumas ressurreições futuras, apadrinhando novos membros e servindo como uma espécie de membro honorário, uma vez que, de momento, já não me encontro na FLUL. No que toca ao cinema em si, aos 13 anos um amigo recomendou-me A Clockwork Orange e foi com esse filme que percebi que o cinema tinha algo mais para oferecer, tornando-se Kubrick a minha primeira obsessão cinematográfica. Mas, ainda que não se esqueça o primeiro amor, hoje alinho-me pelos clássicos de Ford, pelo cinema português de Manoel de Oliveira ou Pedro Costa ou pela vaga de terror oriunda da A24, encabeçada por Eggers e Aster.”
Tara Mejia
“Juntei-me ao Nucivoq no início deste ano letivo (o meu segundo ano na licenciatura de Artes e Humanidades) com o objetivo de encontrar pessoas que partilham um amor pelo mundo do cinema. Para mim, este amor começou quando eu era criança e tive a oportunidade de experienciar a beleza dos filmes do Studio Ghibli. Amor, família, amizade, amadurecimento, cultura e ambientalismo são apenas alguns dos temas retratados nos filmes deste estúdio. As obras capturam lindamente as emoções humanas no seu estado mais puro. Não só rimos com as personagens, como também choramos com elas. Mesmo nos momentos mais tristes destas histórias, a esperança persiste até ao final do filme. Vários críticos referem que este belo retrato das emoções humanas funciona porque a maior parte das personagens principais são crianças cujas emoções ainda são maiores que elas próprias. Contudo, não precisamos de ser crianças para apreciar as histórias criadas pelo Studio Ghibli e talvez seja por esse motivo que muitos destes filmes estejam na minha lista de filmes favoritos.”
Vítor D. Gomes
“Juntei-me ao Nucivo em 2015, para cultivar a minha paixão por cinema e televisão, onde acabei por conhecer algumas das melhores pessoas da faculdade e onde finalmente senti que os meus gostos não eram únicos. Mais tarde, fui para Londres tirar um Mestrado em Film and Screen Media, que no fundo foi sóuma desculpa para ter um diploma que me desse vantagem em discussões acerca da sétima arte, especialmente no âmbito da minha controversa opinião de que Hot Rod (2007) é o melhor filme da história. Já conversei com o James Cameron numa casa de banho, e vou sempre usar qualquer contexto que me dêem para fazer este flex.”
Para saber mais sobre como participar, para dar sugestões ou esclarecer alguma dúvida, contacta-nos pelos seguintes meios:
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