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Depressão e ansiedade

Foto do escritor: Jornal O ColaJornal O Cola

Hodiernamente, sobretudo depois da pandemia mundial – Covid-19 –, o tópico da saúde mental começou a ganhar extrema relevância. Os casos de depressão, ansiedade e doenças relacionadas têm aumentado e com eles a utilização de benzodiazepinas. Mas o que é a depressão? E o que são benzodiazepinas? Deverão, ou não, ser utilizadas?


Primeiramente, interessa saber que a depressão é uma das doenças que afeta mais pessoas em todo o mundo. De acordo com uma notícia publicada a 13 de janeiro de 2023 pela SIC Notícias, estima-se que cerca de 700 mil portugueses apresentam sintomas da doença. Segundo o site oficial da CUF, a depressão pode «apresentar diferentes formas e graus de gravidade e os seus sintomas podem prolongar-se no tempo, podendo incluir: sentimentos de tristeza e aborrecimento; sensações de irritabilidade, tensão ou agitação; sensações de aflição, preocupação, receios infundados e inseguranças; sentimentos de culpa e de autodesvalorização; ideias de morte e tentativas de suicídio, (...)».


Em segundo lugar, o principal tópico deste texto: o que são as benzodiazepinas? De acordo com a Infarmed, as benzodiazepinas são «utilizadas no tratamento da ansiedade sintomática e das alterações do sono, sendo comum a sua prescrição. Embora bem toleradas, a sua utilização tem vindo a ser condicionada devido ao risco de dependência e habituação num número expressivo de utilizadores, o que dificulta a interrupção do tratamento».


Há opiniões bastante controversas em relação à toma de antidepressivos, nomeadamente em relação à dependência dos mesmos. No presente texto, pretendo defender o meu ponto de vista e também, numa fase de conclusão, falar sobre a minha experiência com este tipo de fármacos.


Por um lado, defendo que pessoas diagnosticadas com depressões e ansiedades profundas devem ser medicadas e obter acompanhamento psicológico ou psiquiátrico. Uma vez que a ciência está perfeitamente avançada para produzir medicamentos eficazes para o tratamento destes problemas, estes devem ser utilizados. Importa referir que a sua utilização deve ser feita única e exclusivamente sob prescrição médica e deve manter-se a vigilância dos doentes em questão.


Todavia, é de conhecimento geral que a toma destas drogas causam habituação e dependência, daí considerar essencial o acompanhamento. Ainda que grande parte destes sejam de toma limitada, funcionando como um tratamento, para o doente é mais fácil “resolver” o problema através da sua toma do que através da resolução, efetivamente, desse distúrbio.


Mesmo defendendo os benefícios da toma de benzodiazepinas, acredito que devem funcionar como um acréscimo ao apoio psicológico ou psiquiátrico, ou seja, devem ser uma ajuda e não a resposta.


Os antidepressivos inibidores seletivos de recaptação de serotonina, doravante designados por ISRS, são fármacos que «podem ser utilizados para tratar a depressão», segundo o Manual MSD. São menos fortes do que as benzodiazepinas, sendo, portanto, a escolha inicial dos profissionais de saúde. A minha experiência pessoal está inserida neste tipo de medicamentos, mais especificamente, o Escitalopram.


Após vários ataques de pânico e ansiedade, dores no peito prolongadas e dificuldades em respirar, foi-me recomendada, há sete meses, a utilização diária de 10 miligramas de Escitalopram. Não é uma dose muito alta, mas é sem dúvida um apoio emocional bastante grande. Quando tenho alguma crise, tenho uma dose mais elevada para tomar unicamente em emergências. Nestes últimos meses, foram raros os ataques de choro ou de ansiedade, sendo que, para além da toma dos mesmos, faço ainda exercícios de respiração que me acalmam. Apesar de em alguns aspetos estar a funcionar, os constantes pensamentos obsessivos e as insónias permanecem. Isto leva-me a crer que a cura ainda está longe, contudo pequenas mudanças têm grandes impactos e a força de vontade permanece.


Para concluir, acredito que o uso de benzodiazepinas e antidepressivos ISRS têm um impacto positivo na vida dos seus utilizadores. No entanto, é essencial o acompanhamento para que haja equilíbrio nas doses tomadas. Não é um tabu procurar apoio psicológico ou, em casos mais complicados, iniciar a toma de qualquer antidepressivo recomendado. A saúde mental é essencial para a saúde pública e deveria ser mais valorizada.


Anónimo

Editado por António Santos e Matilde Mala


Referências bibliográficas:

SIC Notícias, Cerca de 700 mil portugueses têm sintomas depressivos. 13.01.2023, disponível em https://sicnoticias.pt/especiais/saude-mental/2023-01-13-Cerca-de-700-mil-portugueses-tem-sintomas-depressivos-70cc5f00



CUF, Depressão. Disponível em https://www.cuf.pt/saude-a-z/depressao


Ordem dos Médicos, Antidepressivos (ISRS) como primeira linha de intervenção no tratamento de depressões ligeiras em crianças e adolescentes. Disponível em https://ordemdosmedicos.pt/antidepressivos-isrs-como-primeira-linha-de-intervencao-no-tratamento-de-depressoes-ligeiras-em-criancas-e-adolescentes/


CORYELL, William, Manual MSD, Tratamento farmacológico da depressão. Agosto 2021, disponível em https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiquiátricos/transtornos-do-humor/tratamento-farmacológico-da-depressão


COSTA, Flávia, Tua Saúde, Escitalopram (Lexapro): para que serve, como tomar e efeitos colaterais. Outubro 2022, disponível em https://www.tuasaude.com/escitalopram-lexapro/



 
 
 

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